
TERREMOTO
Um terremoto estava a caminho e ele atingiria a banda durante a tour do álbum "Iron Fist" de 1982. Porem, antes que isso acontecesse, a banda lançou em 81 o disco ao vivo "No Sleep 'Til Hammersmith", com 11 faixas, entre elas "Ace os Spades", "Metropolis", "Overkill", "Bomber" e "Motorhead". Mas, vamos ao terremoto. Produzido pela própria banda, "Iron Fist" contém todo o poderio do grande "Motor", seja nas letras, nas melodias ou na fúria instrumental do grande trio. Como não poderia ser de outra forma, o novo álbum agregaria no mínimo mais seis clássicos a um universo já bem grande de musicas poderosas.
O disco abre na melhor tradição baixo devastador de Lemmy na música "Iron Fist" ( "Punho de Ferro"), que lembra muito os acorde iniciais de "Ace of Spades". Não respire, "Heart Of Stone" é a próxima. Fast Eddie detona sobre nós uma riferama inigualável, solos na velha escola pentatonica (escala de blues), com direito a Cry Baby ( Wha, Wha), efeito imortalizado por Jimmi Hendrix. "I'm The Doctor" é puro "drugs" onde o doutor Lemmy prescreve como sair da depressão. Tem também, "Go To Hell", "Loser", "Sex Outrage", etc. é um disco inspirado, onde não existe nenhuma faixa tapa buracos. É para se ouvido inteiro, com uma bela garrafa de vodka, muitas cervejas e uma mina que aprecie a banda e outros detalhes que você com certeza sabe.
A tour do "Iron Fist" foi uma das mais caras da história do Motorhead. No fundo do palco, uma mão gigante que se abria e vários adereços pendurados no teto. O problema sísmico começou ai. Alem de ter custado muitos Dollars, era muito trabalhoso carregar todo o palco para os diversos lugares onde a banda se apresentou. As coisas ficaram mais pretas ainda durante a tour de lançamento nos Estados Unidos (O Motorhead, claro que você já sabe, é uma banda Inglesa). Depois de meses de estrada, Lemmy resolve parar tudo para gravar uma música ( "Stand By Your Man") com a vocalista da banda "PLASMATICS" Wendy Orleans Williams (que morreu a poucos anos), o que desagradou e muito o guitarrista Fast Eddie, que abandona a banda. Para o seu lugar é arregimentado o ex-THIN LIZZY ( Outra grande banda, referencia para muitos grupos) Brian Robertson, para ajudar na finalização da estadia americana. Era o fim do famoso power trio.
O que deveria ter sido temporário, durou muito mais do que o esperado. Depois de uma temporada no Japão, a banda resolve voltar aos estúdios, ainda com Brian na formação, para gravar um novo álbum de nome "Another Perfect Day"("Mais Um Dia Perfeito"). Estamos em 1983. Muito embora Brian Robertson fosse um grande guitarrista, ele não conseguiu um bom relacionamento com o público, mesmo porque ele se negava a tocar os velhos sucessos do Motorhead. Um outro agravante era o fato do disco novo não funcionar bem ao vivo.
Então, de forma amigável, Brian deixa a banda. Depois dessa experiência, Lemmy decide não mais contratar figuras reconhecidas no circo do rock , decidindo por desconhecidos. Depois da audição de dezenas de demo tapes, decide não por um mas, por dois guitarristas: Phil Campbel e Wurzel. Mas, o terremoto ainda não havia acabado. Logo após uma apresentação na BBC de Londres com a nova formação, Phil Animal Taylor abandona a banda. No seu lugar entraria o ex-SAXON Peter Gill (contrariando a premissa de não mais colocar gente famosa no grupo). Nesse meio tempo a Bronze Records resolve lançar no mercado um compilação dos discos da banda. Depois de muita insistência, para provar que a banda não estava morta, Lemmy consegue inserir nesse trabalho, quatro faixas com a nova formação. "No Remorse", um álbum duplo, foi lançado em 1984 e rendeu um Disco de Platina.
Novamente em estúdios, após o sucesso de "No Remorse", o quarteto gravaria "Orgasmatron", depois do qual, Peter Gill abandonaria a banda. Quem tem o vinil desse disco sabe que um dos seus lados é muito bom e o outro, quase muito bom. Esse lado muito bom , no meu entender, é aquele contendo "Build for Speed", "Ridin' With The Driver", "Doctor Rock" e "Orgasmatron". "Build For Speed" e "Doctor Rock" são como juramentos de fé ao velho Rock&Roll e "Ridin" With The Driver" as implicações que esse amor impõe, ou seja, quando você monta em uma "locomotiva", você está longe se um cara comum com as possibilidades dos caras comuns, tais como cachorro, família, residência fixa, etc. "Orgasmatron" é aquele riff pesado e arrastado, regurgitado de alguma entranha cheia de raiva. São três estrofes sobre três pragas básicas criadas pelas mãos dos homens: Religiões, políticos e guerras. "Eu sou chamada religião, sádica sagrada prostituta", provoca Lemmy, depois de desfilar um glossário de calamidades provocadas pelas religiões desde de ontem e sempre. "Eu falsifico a verdade, eu governo o mundo, eu sou a própria fraude", é só o início da estrofe "dedicada" aos políticos. A última fala de "Mars" (Marte), mitológico Deus da guerra , sem no entanto perder o fio da realidade. "Orgasmatron" é também a música que deu uma boa alavancada na carreira do maior grupo Brasileiro em termos de reconhecimento mundial, o "SEPULTURA".
Voltando a saída de Peter da banda, advinha quem ocuparia a sua vaga? Se você disse Phil Animal Taylor, acertou na mosca. Com a volta de Phil o Motorhead gravaria "Rock'n'Roll". Uma das músicas desse disco , a fantástica "Eat The Rich" ("Coma os Ricos"), rendeu um filme com o mesmo nome, onde o herói era um travesti , Lemmy aparece como ator e trilha sonora tem músicas do grupo.
O Motorhead sempre teve uma grande aceitação tanto por parte dos tradicionais Headbangers, como também pelos Punks. Em vários vídeos da banda é possível verificar essa verdade. Constatei isso pessoalmente quando o VARUKERS, uma das maiores bandas de Hardcore da Inglaterra, esteve no Brasil, numa conversar com BIFF, o guitarrista do grupo, que confessou adorar o Motorhead alem de usar camisetas com o logo da banda. Joey Ramone, SEMPRE usou camisetas do Motorhead. É, portanto, uma das raras bandas que consegue esse tipo de unanimidade. Lemmy com certeza sabe disso. Tanto que no disco "1916", lançado em 91, uma das músicas leva o nome de "Ramones". A faixa cinco do álbum, "Going to Bazil" ("Indo Para o Brasil"), é uma espécie de homenagem da banda para com o país onde o "Motor" tem uma gigantesca legião de fãs.
O CD de capa totalmente Preta e logo Branco "March or Die" ("Marche ou Morra"), tem várias participações especiais, uma cover de Ted Nugent e um novo baterista , Mikkey Dee ( ô raça difícil gente! Brincadeira...), ex-MERCYFULL FAITH (epa! Outro famoso!). Nessa época a banda já estava morando nos Estados Unidos da América. Esse álbum tem coisas "estranhas" como um balada "I Ain't No Nice Guy" ( "Eu não sou nenhum cara agradável"), que começa com Lemmy no violão, rola um pianinho e tem Ozzy Osbourne num dueto com o Sr. Kilmister e também Slash ( ex-Guns and Roses") na guitarra solo. Tem também a música "Hellraiser", composta a três mãos, por Ozzy, Lemmy e o fantástico guitarrista Zakk Wylde, que durante um tempo fez parte da banda de Ozzy Osbourne. Na faixa 9 "Too Good To Be True" ("Muito bom para ser verdade"), um Lemmy romântico com um instrumental que lembra muito o NWOBHM. ("Nova Onda do Metal Britânico") . "You Better Run" ("É melhor você correr"), é um blusão também com a participação de Slash. A faixa que dá titulo ao disco "March Or Die" segue o estilo arrastado e letra quilométrica da música "Orgasmatron" com a voz de Lemmy soando como a própria besta anunciando o Armagedom. Uma grande faixa para fechar um grande disco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário